A Turquia e os judeus
HÉLIO DANIEL CORDEIRO
No. 009 - Janeiro/1998
É curiosa a relação entre os turcos e os judeus. Tradicional país muçulmano, a Turquia, juntamente com a Holanda protestante, foi o país que abriu suas portas para receber milhares de judeus espanhóis e portugueses que fugiam da Inquisição ibérica nos séculos XV e XVI.
Depois da Segunda Guerra Mundial a Turquia passou a integrar a Otan, cogita-se em ser integrada à União Européia e mantém estreitos laços de cooperação militar e econômico com Israel, para desespero da Síria do decadente Hafez Asad, do Irã dos fanáticos aiatolás e mesmo do esfacelado Iraque do ditador Saddan Hussein. São os interesses estratégicos e da economia dando as cartas do jogo.
O ex-presidente turco Turgut Ozal costumava pedir a cooperação do rico judeu-turco Jack Kamhi para ajudar a melhorar a imagem do país perante Washington. Hoje vivem 25 mil judeus na Turquia. Eles pertencem às classe média e alta. Têm mansões, casas de campo, carros importados com motoristas, mas vivem com medo do fanatismo islâmico. A Turquia tem fronteira com os três países acima citados: Irã, Síria e Iraque.
A maioria dos judeus turcos vive em Istambul, localizada na parte européia do país, diante do estreito de Bósforo. Há dois mil judeus em Esmirna (onde nasceu o falso messias Sabetai Tzvi) e ainda há algumas famílias na capital, Ancara.
O historiador judeu Flávio Josefo, no século I, escreveu que o filósofo grego Aristóteles (século V a.C.), durante uma viagem à Ásia Menor (atual Turquia), encontrou-se ali com alguns judeus. Possivelmente mercadores em trânsito ou já estabelecidos na região após a destruição do Templo de Salomão e de Jerusalém no século VI a.C.
Alguns estudos indicam que quando o profeta Abdias usou pela primeira vez a palavra hebraica Sefarad em seus escritos, ele não se referia à atual Espanha, mas à cidade de Sardis na Ásia Menor.
A maioria dos judeus chegou à Turquia efetivamente após 1492. "O sultão Bayazid II abriu suas terras para nós e seremos eternamente gratos." A frase é de Nana Tarablus, editora do único jornal judaico local, o Shalom.
A Turquia tem 60 milhões de habitantes. Nos anos 20, o líder revolucionário Kamal Ataturk (fundador da moderna República turca) separou a religião do Estado, permitindo tolerância em relação aos muçulmanos e aos não-muçulmanos.
ATENTADOS - Atos terrotistas contra alvos judaicos e israelenses, embora poucos, já tem sua história na Turquia.
- Em 1921, o cônsul de Israel em Istambul, Ephrain Elrom, foi assassinado.
- Em 1986 um terrorista invadiu a sinagoga Neveh Shalom, de Istambul, e assassinou 22 judeus que rezavam.
- No começo dos anos 90 o chefe da Segurança da Embaixada de Israel em Ancara foi morto na explosão de um carro bomba.
Algumas frases definem bem a situação da comunidade judaica na Turquia:
Frases
"O governo quer legalizar as organizações judaicas internacionais até mais do que nós queremos que o façam."
- Sylvio Ovadya (diretor do jornal "Shalom")
"Sionismo é entendido diferentemente em diversos países. Na Turquia, não sabemos exatamente o que significa."
- Jack Kamhi (empresário)
-Yigal Lavio (ex-cônsul geral de Israel em Istambul)
"A Turquia é uma democracia. Há um governo que protege os direitos de todos seus cidadãos. Não temos medo."
- David Asseo (rabino)
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você sabia ?
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