ANT-SEMITISMO
Sínodo do Vaticano critica Israel e ideia de "terra prometida"
23 de outubro de 2010 • 17h55
Israel não pode usar o conceito bíblico da terra prometida ou do povo escolhido para justificar a construção de novos assentamentos em Jerusalém ou para fazer reivindicações territoriais, concluiu um sínodo do Vaticano sobre o Oriente Médio neste sábado.
Na sua mensagem de encerramento, depois de duas semanas de reuniões, bispos do Oriente Médio também disseram esperar uma solução biestatal para que a paz entre Israel e os palestinos possa se tornar realidade. Eles também clamaram por condições pacíficas que interrompam o êxodo cristão da região.
"Meditamos sobre a situação da cidade sagrada de Jerusalém. Estamos preocupados em relação às iniciativas unilaterais que ameaçam a sua composição e podem mudar o seu equilíbrio demográfico," dizia a mensagem.
Em uma outra parte do documento — uma seção sobre a cooperação com os judeus — os integrantes do sínodo reclamaram dos judeus que usam a Bíblia para justificar os assentamentos na Cisjordânia, que Israel capturou em 1967.
"Recorrer a posições teológicas e bíblicas que usam a Palavra de Deus para justificar erroneamente certas injustiças não é aceitável," diz o documento.
Muitos colonos judeus e israelenses de direita reivindicam um direito bíblico para a Cisjordânia ocupada, que eles chamam de Judéia e Samaria e consideram como parte da Israel antiga e histórica, dada aos judeus por Deus.
Ao ser perguntado sobre essa passagem, durante uma entrevista coletiva, o arcebispo greco-melquita, Cyrille Salim Boutros, disse:
"Nós cristãos não podemos falar sobre a terra prometida para o povo judeu. Já não há mais um povo escolhido. Todos os homens e mulheres, de todos os países, se tornaram o povo escolhido."
"O conceito da terra prometida não pode ser usado como base para justificar o retorno dos judeus para Israel e para o deslocamento dos palestinos," acrescentou ele. "A justificativa de Israel para a ocupação da terra da Palestina não pode se basear nas escrituras sagradas."
Respondendo ao ponto de vista do sínodo, o porta-voz do ministro do exterior de Israel, Yigal Palmor, disse que discussões teológicas sobre a interpretação das sagradas escrituras desapareceram com a Idade Média, e completou: "Reavivá-las não parece ser uma medida certa."
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